quarta-feira, janeiro 24, 2007

De Bruna


Bru, não fique brava por eu publicar a sua carta, achei tão bonitinha que quero que muitas pessoas saibam o importante que sou pelo menos para você.



minha amiga! :)

São quase cinco horas da manhã e interrompi meu trabalho na última página do segundo capítulo da minha dissertação de mestrado (calculo que serão uns sete, ao todo, fora a introdução e a conclusão, claro, e o que entreguei para a qualificação é metade disso, se tanto, e precisa ser praticamente reescrito, e tenho até o dia 26 para entregar o texto pronto lá na seção de pós!!! Faz, literalmente, dias que parece que vivo só pra isso, eis o motivo do meu silêncio, da minha demora em lhe responder, perdoe, amiga!...) para lhe escrever porque começou a tocar “Mariposa tecnicolor” aqui no meu Windows Media Player e me lembrei de você, como sempre me lembro, pelas coisas mais disparatadas, rs!... Desta vez, não deu pra segurar, a saudade foi mais forte, dane-se se perco uma meia horinha de trabalho... Você se lembra de quando vimos Todo sobre mi madre aqui em casa? Lembra da cena em que Manuela dá a Esteban um livro chamado Música para camaleones? Lembra de ter me explicado que o Fito Paez tem uma canção com este nome e que ele e a atriz que interpreta Manuela foram casados e que ele escreveu canções pra ela? Lembra da nossa conversa, sobre tudo e sobre nada, madrugada adentro, nós duas contra o sono que nos roubava horas preciosas das não muitas que lhe restavam por aqui? Lembra de eu ter encontrado, no meio das minhas tranqueiras, a letra de “Mariposa”? Lembra de que você cantarolou ela pra mim porque eu não a conhecia? Lembra de que me explicou que ele, o Fito, tem uma ligação bastante forte com a cultura brasileira e é um grande parceiro do Herbert Vianna? Lembra de termos visto na TV, antes ou depois disso, pouco importa, a cena de um show muito antigo dos Paralamas em que ele fazia uma “participação especial” em “Trac, trac”? Lembra de termos ouvido e cantado muito Paralamas depois disso? Cris, minha amiga, são tantas coisas pra lembrar que até perco o fôlego!... E pensar que foram tão poucos dias, que tudo foi tão depressa, mal dá pra acreditar. Mas eu acredito, minha amiga, ah, se acredito! Acredite em mim, sim? E sei que você também acredita, o que é muito, muito, muito legal. :) Muito obrigada, Cris. Tudo o que posso dizer antes de que me empolgue mais ainda e comece a chorar, não exatamente a chorar, mas a ficar com os olhos rasos d’água, essas coisas, porque arrepiada já estou, rs, então, só posso dizer que me considero muito, muito, muito sortuda por ter te conhecido, pequeña mariposa que, depois de um tempão pousada num canto da minha janela, quietinha, discreta, finalmente entrou e, batendo suas asas pra lá e pra cá, transformou por um momento as “minhas retinas tão fatigadas” em olhos deslumbrados de menina. Tudo bem que a vida não seja filme, mas a gente precisa reaprender a vê-la a cores de vez em quando, né, rs? ;) Sei que borboletas não foram feitas pra ser cativas (lembra do Principito? Pois então, acredita que achei que a tal frase soa melhor em português do que em francês? rsrsrs “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”, “Eres responsable para siempre de lo que has domesticado.”, “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé.”, um pouco pesado demais pro meu gosto, mas bonitinho, mesmo assim, rs – e a raposa pedindo pra ser “cativada”, então? Mais bonitinho ainda!!! rs “S’il te plaît... apprivoise-moi, dit-il.”, “Si tu veux un ami, apprivoise-moi!”), mas sei também, e nisso cito a mim mesma, se não me engano, que há laços (“Criar laços?”, perguntaria o principezinho) invisíveis e que eles muitas vezes são muito mais “laço” do que a gente pensa. Por isso vou deixar minha janela aberta, só para o caso de uma certa borboleta resolver aparecer de novo por aqui, ou para o caso de a menina aqui resolver sair voando atrás daquele par de asas tão bonito. Ah, a raposa ganhou do Pequeno Príncipe a cor do trigo, lembra? Pois as “cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores” agora me lembram você, sim. :) Muchas gracias. Eu nunca vou cansar de agradecer. Falei, falei, falei porque não queria falar o óbvio e acabei falando mesmo assim, pra variar, rs. Seis e meia já. Meu “marido” (o Tchékhov) me reclama, rsrsrs. Hum, e eu, que consegui esconder numa das dobras do lençol do meu “leito conjugal” (minha dissertação de mestrado) o meu “amante” (sim, o Julio!!!)? rsrsrs ;) Daqui a pouco, chuto esse russo pra fora da cama, você vai ver (vai ver mesmo, no meu doutorado, espero, ainda que longínquo), rs, coitado, e ele nem é ruim de – chega, Bruna! Isso é que é explorar ao máximo o potencial de uma metáfora!!! rsrsrs Freud explica? Bom, falando sério, Cris (e quem disse que eu não estava falando sério até agora?!), a saudade é recíproca, você sabe, a vontade de conversar também, também preciso da sua companhia, dos seus ouvidos (a propósito, se quiser que eu lhe telefone, é só me passar um número, um dia e um horário, de preferência já com os tais fusos ajustados, que sou péssima pra essas coisas, rs, OK? Não acho justo que só você fique gastando com ligações internacionais de meia hora, rs, sério-seríssimo), de você, também não posso lhe contar agora tudo o que está acontecendo na minha vida, mas só porque não tenho tempo pra contar e, o principal, não tenho nada pra contar, a não ser que você ache semiótica interessante, claro, rs, só sei que espero a boa nova, porque ela há de ser boa, ah, sim, bata suas asas aí que eu cruzo meus dedos aqui, por ti, mariposa, essa novidade do amor, da paixão, o que seja (você já sabe o que é, aliás? E tem como saber, é? Se tiver, me conta, só para o caso de, você sabe, rs, vai que um dia. Mas faz diferença, é? Deve fazer, tanta coisa que ainda tenho pra aprender nesta vida, a única que tenho, aliás, e lá se foram vinte e cinco anos dela quase já, que coisa, rs, sendo extraordinariamente, extraordinariamente mesmo, otimista eu diria que lá se foi um quarto dela, rsrsrs), me conte, e me conte também que história é essa de medo, eu não sabia que borboletas também têm medo, não deveriam ter, na minha opinião, se você quer saber a minha opinião, claro, e suponho que sim, medo não combina com o colorido das suas asas, minha amiga, nem com as suas cartas de recortes de revistas, nem com os seus poemas em um português tão novo, nem com os seus bombons brasileiros recheados com convites. ;) Quando eu crescer, quando eu crescer pra valer (e não de mentirinha, esse fardo, esse fado, essa coisa de envelhecer, eca!), quero ser igualzinha a você. :)

Besitos, e um abraço-de-bruna pra você,

da Bruna.

P.S.: Lembrei da nossa última conversa ao telefone e preciso lhe contar, antes de que me esqueça, que a megasena esses dias deu cinqüenta e poucos milhões de reais (sim, imagine isso em pesos!!!) a um sortudo qualquer que não eu, claro, porque de sorte tenho só (e digo “só”? Como ouso?! rs) uma ou outra borboleta que às vezes me entra pela janela, como disse. ;) E você, colocou em prática nosso plano de começar a jogar pra ganhar e poder bancar esse piscar de olhos, esse bater de asas que é uma viagem daí até aqui ou vice-versa? rs Preciso me lembrar de que, se a gente não jogar, não ganha, rs. Tudo bem que, se a gente jogar, não ganha também, mas... rsrsrs Tá vendo como as coisas mais disparatadas, as coisas mais disparatadas mesmo, me lembram você? Sim, como você mesma diz, não me leve a mal, hein? ;) Papo mais “suspeito” esse, cheio de declaraçõezinhas... rs Ah. Mas você sabe que eu te amo, não sabe? E tô falando sério. Dane-se esse povo de mente poluída, rs.P.P.S.: Quase oito horas!!! rsrsrs Vou me ferrar, rs. Volto a dar notícias assim que tiver terminado isso, ou seja, depois do tal dia 26, só pra você saber que sobrevivi, espero, rs. Torça aí por mim, tá? Vou precisar, e como!... rs

Um comentário:

DC disse...

Engraçado me ver citada no seu blog desse jeito, Cris!... rs Engraçado no bom sentido, claro - porque, se é pras pessoas saberem o quanto você é especial, e não só pra mim, pode me citar à vontade, sério, rs. ;) Todas as janelas do mundo deveriam se abrir pra você, mariposa - quem não as abre não sabe o (tesouro) que está perdendo, e pior pra eles, certo? ;) Agora, sobre a sua carta pra mim, antes de que eu me esqueça:
01) Pode me escrever o que quiser, o quanto quiser e na língua que quiser que dou um jeito de ler tudo direitinho, viu? Prometo! Estou até pensando em comprar mesmo um dicionário "decente" de espanhol, rs...
(02) Tão parecidas as nossas situações (assim como tantas outras coisas que descobrimos, por acaso, que temos "em comum", né? A literatura, claro, mas também o cinema e a filosofia, e um certo modo de pensar e, mais importante, de sonhar...) atuais, minha amiga!... Meu país tão grande e tão pequeno, em sentido pejorativo mesmo. Meu choro quase sempre contido, quase sempre só do lado de dentro. Tudo o que tenho, tanto e tão pouco perto do que eu gostaria de ter e, pior, nem sei direito ainda. Pior ainda, todos os beijos que não dou, nunca dei e nunca darei... Nossas conversas, sim - mas estou começando a achar que, no fundo, nem precisamos delas pra nos entender (uma a outra e/ou a si mesmas), viu? :) Já devemos ter alcançado aquele estágio "para além das palavras", não sei.
(03) Sim, imagino que isso de amar à distância seja difícil mesmo - na verdade, nem preciso imaginar: vide, por exemplo, o nosso próprio amor-em-forma-de-amizade!... Mas (já pensando no "outro"), sei lá, entre o "lá" e o "cá", acho (só "acho", que certeza não tenho de nada, ou quase nada, nesta vida) que se deve ficar com o amor, se é que você me entende. Porque há coisas, Cris, que não conhecem distância, você sabe - espero! rs Pelo bem da nossa própria amizade, aliás. ;)
(04) Também quero, também quero!!! :-D Sério!... rs Viajar e estar sempre com todas as pessoas que amo, ao mesmo tempo, ainda por cima, rs!... Imagine a confusão, se isso fosse possível, rs... Mas às vezes me conforta, mesmo que só um tantinho de nada, dependendo do tamanho da dor, saber que essas pessoas existem - e que também devo existir pra elas, de uma forma (mais importante) ou de outra (menos importante), pouco importa.
(05) Me conte, borboleta que de vez em quando também chora (mas que não deveria, uma pena!...), se deu certo essa idéia de viagem, se deu certo essa idéia de amor, se você já sabe algo mais sobre a sua vida e sobre o que deseja, OK?
Beijo, e muito, muito obrigada por me fazer tão bem assim, minha amiga.